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terça-feira, junho 26, 2007
Rolling Stones explosivos em Alvalade

Mick Jagger ia na quinta música quando pegou numa guitarra acústica e anunciou «No Expectations», um tema romântico com «sabor português», segundo justificou. Após os primeiros acordes, estava marcado um dos momentos inesperados do concerto que os Rolling Stones deram esta segunda-feira no Estádio José Alvalade.
Ana Moura, fadista com quem a banda confraternizara na noite anterior em Alfama, na Casa de Linhares, surgia agora de microfone em riste, calças de ganga e ténis nos pés para juntar-se ao palco da «maior banda de rock do mundo», um slogan que justamente tem acompanhado os Rolling Stones e que a actuação em Lisboa reconfirmou de forma explosiva, com labaredas de fogo gigantes e arranjos pirotécnicos a fazerem-nos suster a respiração, como se fosse preciso: os Rolling Stones continuam literalmente explosivos em duas horas de concerto e após 45 anos de estrada.
Ana Moura e Mick Jagger não devem ter ensaiado juntos, mas a combinação desta composição - que fala de amor e separação, qual melhor tema para o fado - foi interpretada por ambos com total cumplicidade, resultando num dos momentos mais intimistas que o público assinalou com o entusiasmo das palmas.
Na noite anterior, a fadista tinha «provocado» o grupo ao cantar-lhes esta mesma música, um dos temas da sua participação no «The Stones Project» (que esta terça-feira, 26, se apresenta no S. Jorge, em Lisboa) do saxofonista convidado de Jagger, Tim Ries, e que ontem assinou outro dos momentos mais assombrosos do concerto, com uma interpretação notável.
Os Rolling Stones abriram o concerto de Lisboa ao som de «Start Me Up», enquanto no grande ecrã passavam imagens futuristas dignas de um filme de ficção científica. As projecções foram acompanhando os temas interpretados, num alinhamento que passou revista a uma carreira repleta de sucessos e que o público (num Estádio bem composto) toda a vida conheceu: «Paint It Black», «Bitch», «It's All Over Now», «Honky Tonk Women», «You Got Me Rocking», passando por «Sympathy For The Devil», a incontornável «Satisfaction» e também «Brown Sugar», que encerrou a noite em grande.
Pelo meio, uma homenagem a James Brown com «I¿ll Go Crazy», interpretação que Mick Jagger partilhou com Lisa Fisher, elemento do coro dona de uma voz de puro soul, no mínimo cortante, e sem dúvida outro dos momentos a sublinhar nesta noite que o próprio Jagger assinalou como «fantástica», assim mesmo, em português, vezes sem conta.
Da guitarra de Ron Wood saíram acordes que intimidaram as origens do rock n¿roll. Os sons irrepreensíveis, os riffs perfeitos de mais. E assim se percebeu desde início por que é que eles são «a bigger band». Não é número, é só talento.

E quanto ao pirata Keith Richards, apenas a surpresa de ouvir a genialidade dos acordes que marcam a sua presença em cada música, que foram saindo das guitarras que trocou em palco e sobre as quais manteve uma relação de apêndice: elas fazem parte dele, ele faz parte delas, curvado, enfrentado o desafio que cada música lhe apresenta. Mas nesta noite houve ainda mais do que esse tanto que ele habitualmente dá à banda. Keith cantou «You Got The Silver», tema da sua autoria datado de 1969 e «I Wanna Hold You», uma composição mais recente, de 1982.
O regresso a Alvalade passados 17 anos resultou na certeza de que os Rolling Stones estão mais eléctricos do que nunca (e nem o ar concentrado e impenetrável de Charlie Watts contradiz isso), com Mick Jagger a marcar uma presença impressionante em palco. Ele baloiça-se, salta, abana a anca, esbraceja, contorce-se todo, faz de boxeur e corre, corre muito. Assim não há quem o(s) pare - e ainda bem!

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posted by KuRTeN16 @ 15:32  
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