Foi um fim de semana fatal para o jazz mundial.
Na passada sexta-feira, Alice Coltrane, a viúva de John Coltrane, morreu no Hospital de West Hills, vítima de falência respiratória. Tinha 69 anos. Alice McLeod iniciou a sua educação musical aos 7 anos, começando por tocar piano. Depois de casar com Coltrane, Alice junta-se ao seu quarteto, substituindo McCoy Tyner. Introduziu a harpa no mundo do jazz e foi também uma das pioneiras no cruzamento deste com a música tradicional indiana, como podemos ouvir no fantástico "Journey To Satchidananda". A inflluência da cultura indiana e a admiração pela sua música era partilhada com John, daí terem dado ao seu filho o nome de Ravi, em homenagem ao consagrado sitar player Ravi Shankar. Ravi Coltrane é um saxofonista reconhecido por mérito próprio e com um percurso bastante interessante dentro da cena actual do jazz de Nova Iorque. No sábado foi Michael Brecker, um dos mais influentes saxofonistas tenor dos últimos 20 anos, a ir para um outro mundo. Tinha 57 anos e lutava há cerca de dois anos contra a Leucemia. Fortemente influenciado por John Coltrane, Brecker fez furor nos anos 70, ao formar com o seu irmão, o trompetista Randy, uma das mais bem sucedidas e admiradas bandas de fusão jazz, rock e funk, os Brecker Brothers. Imensamente solicitado, Michael Brecker participou em mais de 500 álbuns e ganhou 11 Grammys. Gravou e tocou com todos os grandes nomes do jazz mundial dos últimos 30 anos, desde Dave Holland a Pat Metheney, passando por Herbie Hancock e Elvin Jones, só para citar alguns. O jazz está de luto mas a obra fica. Alice Coltrane e Michael Brecker continuarão para sempre presentes através da música. |